Por Roberto Maldaner
Vice-presidente OAB Subseção Canela Gramado

 

Que estamos todos incomodados, limitados e, sobretudo em verdadeira fase de readaptação - ou readaptações - com novas rotinas decorrentes deste triste momento da reconhecida pandemia de COVID-19 causada pelo Sars-CoV-2, não é novidade!!

Estas novas necessidades, prementes de fato, trazem consigo, em verdade, a necessidade de pensar diferente.

De um dia ao outro nos vemos mascarados, e o álcool em gel, antes figurante, agora é um famoso ator da cena social!! Nossos sapatos ficam na porta de casa, e as maçanetas passaram a ser limpas diariamente.

Algumas famílias, que antes precediam de combinações prévias para fruírem juntas das refeições do dia, agora passam boas partes dos dias, quando não o dia inteiro, juntos, afinal as crianças não vão à escola ao tempo que os pais priorizam o trabalho remoto.

Novos contornos se apresentaram às nossas rotinas, isto é um fato.

Nossos encontros, antes tão casuais e efusivos, tão comuns sobretudo em nossas rotinas de trabalho, passaram a rarear. As reuniões passam a ser virtuais e estrangeirismos linguísticos como webmeeting e home office alcançam a categoria de expressões comuns e ganham visibilidade.

Narro acima breves fatos do cotidiano, dentre tantos outros que encheriam as linhas, contudo, estes são suficientes a pergunta retorica que vem se apresentando: E nós, o que podemos tirar, positivamente, destas intercorrências?

Li em um artigo, ainda no último 02 de abril, que “o depois é hoje”!

Isto nunca fez tanto sentido.

Embora, como iniciamos dizendo, estamos todos incomodados, compartilho aqui que, me parece, sempre há algo a aprender, sempre há algo de bom a colher.

A forçada evolução rápida do uso da tecnologia ao nosso dispor, por certo, nos trará benefícios se soubermos nos aproveitar disto.

Vivemos a era da videoconferência, antes não tão comum. Reuniões e aulas se virtualizam e o instrumento para sua realização está, literalmente, na palma de uma mão! 

Observando o Poder Judiciário, vê-se que os processos judiciais físicos, até não muitos dias atrás, pareciam fadados a assim serem – físicos – até seu fim, porém, muito muda a partir da Resolução 314/2020 do CNJ e dos atos que dela decorreram.

Parece que, neste chamado mundo novo, tudo quer se virtualizar já.

Novos tempos chegaram, e com eles e novas necessidades, novas metodologias, soluções e resoluções.

Tudo isso nos impacta em um fator que sempre foi crucial ao desenvolvimento social: O Tempo!!  

Nos beneficiamos dele historicamente, desde quando iniciamos a utilização de animais como motores de transporte mais rápido, passando por quando passamos a produzir em série, depois então aumentando os volumes já com o uso da força extraída do domínio do vapor, até os atuais padrões de comunicação e transporte. Tudo é uma questão de tempo!

Tudo passa, e este momento também passará! Então, voltamos à nossa questão retórica: E nós, o que podemos tirar, positivamente, destas intercorrências?

E talvez possamos falar, aqui, em tempo!

Tempo para estamos com nossas famílias, tempo para reflexão, tempo para sermos mais humanos e menos “máquinas”, tempo para nos dedicamos mais profundamente a questões importantes, sermos mais produtivos e participativos em diversas situações antes renegadas, tempo para sermos melhores e evoluirmos!

Estou muito longe, em absoluto, do sentimento de conforto neste momento social inoportuno. Aliás, creio que todos estamos!

Porém, ao fim de um raciocínio retórico me ocorre que, talvez, pensar no viés positivo e focar no que ele pode nos dar possa servir como um alento a um período tão crítico e deveras sofrido da história.