Dados foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Índices de homicídio e latrocínio apresentaram queda em 2017, conforme dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, em coletiva de imprensa cedida no dia 15 de janeiro, na capital gaúcha. Os registros apontam redução de 26,2% nos índices de latrocínio e 1,5% em homicídios, no Estado.
Os números são positivos, mas ainda há índices que devem ser evidenciados e não são nada animadores quanto a violência contra a mulher. Em 2017 o estupro de mulheres teve uma alta de 5,5% e lesão corporal contra mulheres alta de 1,3%, em relação a 2016, números que chamam para a reflexão e para ações imediatas de combate a estes crimes. No mesmo ano o número de ameaças contra mulheres teve queda de 4,2%.
“A violência contra mulher é, muitas vezes, nem sequer vista. Muitas violências acontecem de forma sutil e diária que a mulher tem impressão de que são normais e que é permitido. Temos então que fazer um trabalho para que não ocorra mais, um trabalho de prevenção e combate da violência contra a mulher, onde realmente impere o respeito. Esta é a palavra principal, respeito, ao corpo, ao que ela pensa, a forma que ela se expressa. Temos sim, que nos unirmos. A sororidade é muito importante para que haja uma mudança na forma de pensamento. Daqui poucos dias estaremos lançando uma campanha da OAB-RS de prevenção e combate à violência contra a mulher, precisamos mudar estes números”, destaca a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/RS e integrante do Comitê Gaúcho Impulsor do Movimento HeForShe (projeto internacional que apoia a igualdade de gênero promovido pela ONU Mulher), Beatriz Peruffo.
Para a Coordenadora do Comitê HeForShe no RS, Karen Lose, o que mais assustou foi o aumento do número de estupros: 5,5% e, pedidos de medida protetiva: 130%, dado este que está divulgado na capa da Zero Hora do dia 18 de janeiro. “As mulheres estão denunciando mais, mas há mais casos e mais cruéis. Apesar de todo trabalho que vem sendo feito, esses índices aumentam”, destaca.
Karen destaca que em 2017 o movimento desenvolveu o dia HeForShe nas instituições de ensino, empresas e estádios, além das blitz em diversos eventos como o Festival de Cinema de Gramado e Encontro Estadual da Mulher Advogada OAB/RS. “Este ano estamos fazendo blitz no litoral gaúcho, através da campanha Verão sem Machismo. Estivemos em Torres no dia 14 e vamos fazer dia 27 e 28 na praia do Cassino”, informa.
Na matéria veiculada na ZH, a Promotora de Justiça Andréa de Almeida Machado, que atua no Tribunal do júri da capital, destaca que o aumento do índice das medidas protetivas reflete mudança de comportamento das mulheres. “Antes, muitas sofriam e não faziam nada. Não procuravam a polícia, isso está começando a mudar”, observa na matéria, que aponta os números: as medidas concedidas saltaram de 22.217 (2016) para 51.099 (2017) e os ingressos de processos de feminicídios na justiça pularam de 142 (2016) para 194 (2017).
Veja os números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública:
Ao todo, 17 indicadores compõem a divulgação oficial da SSP. Destes, 14 registraram queda no ano de 2017. Houve queda, também, nos índices de roubo a usuários de transporte coletivo (-34,6%), furto a banco (-28,4%), roubo a profissionais de transporte coletivo (-28%), abigeato (-25,5%), roubo a comércio (-19,7%), roubo a banco (-18,4%), furto de veículos (-13,6%), furtos (-10,5%), furto de comércio (-6,2%), ameaça contra mulheres (-4,2%), estelionato (-2,1%) e roubos (-1,6%). Ainda registram alta os crimes de roubo de veículos (1,4%), estupro de mulheres (5,5%) e lesão corporal contra mulheres (1,3%).
Questionado sobre as causas para a redução dos indicadores, o Secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, destacou ações como a ampliação do efetivo dos órgãos da Segurança Pública, investimentos no reaparelhamento das instituições (aquisição de viaturas, equipamentos, armas e munições) e a parceria firmada com os mais diversos setores da sociedade.
Confira as tabelas com índices específicos de violência contra a mulher:
http://www.ssp.rs.gov.br/indicadores-da-violencia-contra-a-mulher
Saiba mais sobre o Movimento HeForShe
O movimento de solidariedade ElesPorElas foi criado pela ONU Mulheres para fornecer uma abordagem sistemática e uma plataforma direcionada através da qual um público global pode participar e se tornar agente de mudança, a fim de atingir a igualdade de gênero no mundo todo. Isso requer uma abordagem inovadora e inclusiva que mobilize pessoas de todas as identidades de gênero e de expressão a serem defensores e a reconhecerem as formas pelas quais todos nós podemos nos beneficiar dessa igualdade. A ElesPorElas convida todas as pessoas para caminharem juntas, como parceiros iguais, objetivando criar uma visão compartilhada de um mundo de igualdade de gênero e implementar soluções específicas, localmente relevantes para o bem de toda a humanidade. Faça a sua adesão à campanha: http://www.heforshe.org/pt
Ações realizadas em Canela e Gramado
As ações de combate e prevenção à violência contra à mulher, geralmente acontecem no segundo semestre, quando são estruturados eventos neste sentido, em razão do aniversário da Lei Maria da Penha em agosto e dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, que ocorre sempre entre 25 de novembro e 10 de dezembro.
Em 2017 o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher - COMDIM de Canela, com o apoio da OAB, realizou palestra para capacitar a Rede de Apoio de Atendimento as Mulheres Vítimas de Violência, a qual foi ministrada pela vice-presidente da Comissão Especial da Mulher Advogada/RS, Dra. Aline Eggers. O evento ocorreu no dia 24 de novembro, na UCS Campus Hortênsias, e contou com a participação de assistentes sociais, psicólogos, polícia civil, entre outros partícipes da rede de atendimento do município.
No dia 11 de setembro foi realizada reunião das Comissões da Mulher Advogada da Serra, com a participação de advogadas da região, e dentre as pautas decididas foram discutidas algumas relacionadas ao combate à violência de gênero, são elas:
• Sugerir junto aos poderes competentes a criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher em todas as cidades da serra gaúcha ou, na sua impossibilidade, no mínimo, de salas lilás na delegacia e capacitação dos servidores, inclusive a Brigada Militar e os profissionais da saúde;
• Propor às prefeituras da região que em parceria entre municípios seja disponibilizada casa de abrigo para acolhimento de mulheres e mulheres com filhos em situação de violência doméstica;
• Estabelecer parceria com o Ministério Público para direcionar valores de TAC's ao COMDIM, para utilização exclusiva à realocação de mulheres vítimas de violência.
“Durante este ano vamos buscar que sejam atendidas tais pautas no âmbito da subseção, atuando junto ao executivo e ao judiciário locais. No ano de 2016 fizemos uma pesquisa sobre a violência contra a mulher em Gramado e Canela, e o que se percebeu é que as mulheres têm bastante vergonha de denunciar, principalmente por se tratar de cidades pequenas. Gramado tem uma rede de apoio estruturada, principalmente pela existência do Centro de Referência de Apoio à Mulher, o qual conta com o auxílio psicológico e jurídico para as mulheres vítimas de violência. Em Canela, os profissionais que atuam na área estão bastante engajados no combate à violência, inclusive com a ideia de tratamento do agressor, citado pela assistência social e pelo Delegado, o que já ocorre com muito sucesso em outras cidades do Rio Grande do Sul e está previsto na Lei Maria da Penha como forma de combate à violência”, destaca a presidente da Comissão Especial da Mulher Advogada da OAB Subseção Canela Gramado, Dra. Daiane Maciel da Rosa.